terça-feira, 17 de março de 2015

Duas metades de um só coração








O tempo de procriação pode variar de alguns minutos em pleno voo até várias horas de um acasalamento pousado. O que não muda é a posição insólita em forma de coração, formado pelo corpo retorcido do macho e da fêmea.


Quando o macho está na presença da fêmea, ele precisa encostar seu pénis, localizado no segundo segmento de seu abdômen, no nono (e penúltimo) segmento, onde são produzidos os espermatozóides. Depois de transportar seu próprio esperma até o pênis, o macho segura a fêmea pela cabeça com uma pinça localizada na extremidade de seu corpo. A fêmea, então, faz também um contorcionismo para que seu órgão genital, localizado no penúltimo segmento, encontre o pênis do macho, formando o coração. Depois da fecundação, os ovos são liberados dentro da água ou em alguma planta submersa.
Duas a três semanas depois de postos os ovos, surgem as larvas das libélulas. Começa então um longo ciclo de vida aquática, que, em algumas espécies, pode durar até cinco anos. Em sua existência submersa, a larva se alimentará de microcrustáceos, filhotes de peixes
e outras larvas ela actua como ápice de uma importante cadeia alimentar dos ambientes aquáticos dos rios e lagos e passará por até 15 sucessivas metamorfoses até se transformar em uma náiade, que já se assemelha ao insecto adulto porém se movimenta no meio aquático através de jactos de água que saem pelo reto, como um sifão.
Em um dado momento, atendendo aos chamados de um relógio biológico, cujo mecanismo permanece inexplicado, a náiade faz a transição do meio aquático para o terrestre onde fará sua última metamorfose.
A escalada do trampolim para o novo mundo é feita geralmente à noite, para escapar dos predadores. Subindo pela haste de alguma planta, a larva para de se alimentar e se mantém várias horas imóvel se preparando para a mudança.

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